Jornalismo Parolo e Enormes Andores

Parolices jornalísticas e Andores e fantochadas

Título e subtítulo esquisitos

Parolices jornalísticas e Andores e fantochadas

“Arranque” parece ser uma das palavras mais pronunciadas nas televisões da nossa praça, ou inscritas nos títulos de artigos de jornais impressos e publicações na internet.

De forma generalizada, a parolice de um certo jornalismo costuma substituir as palavras início, começo, princípio, pelo sentido figurado, através da palavra arranque, mais apropriada para o arranque do motor.

Hoje arrancou uma reunião com um conjunto de pessoas influentes, logo vai arrancar um certo desfile desde a rua A até à rua B, e amanhã arrancará um acontecimento caricato do qual ninguém estará à espera.

Não sei se se trata da pretensão de eliminar determinadas palavras da língua portuguesa, ou falta de vontade em diversificar as palavras e o discurso. 

Hoje, pesquisei a palavra que começa também pela letra A;

ANDOR! 

Seria, antes de mais, uma falta de educação da minha parte, mandar alguém embora, que é tudo aquilo que não quero que aconteça, pois "andor" pode ter como significado, isso mesmo.

Andores – padiolas que servem para transportar imagens tridimensionais nas procissões, tal como se verifica em algumas festividades de verão. 

Confesso que não sou muito de procissões, apesar de algumas vezes participar nelas. Tenho recordações dessas participações em criança, por exemplo no santuário de Nossa Senhora da Saúde, em Saudel, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão. 

E mais recentemente, recordo-me de participar em outras, e participar com gosto. Com gosto, mas também às vezes com alguma contrariedade, porque isto das aparências e o que nos vai na alma, nem sempre são a mesma coisa. 

Observei algumas imagens de procissões de festas anuais realizadas por essas terras afora.

Os andores da procissão principal são coisa de admirar, diria mesmo de espantar. São tão altos aqueles andores, e largos, alguns, com cordas de segurança e tudo para prevenir algum percalço. 

Honra seja feita a quem usa de todos os meios para que nada de mal aconteça. Além disso, é de dar os parabéns aos que constroem tamanhas estruturas.

Diga-se de passagem que são autênticas obras de engenharia, com todos os elementos devidamente interligados e as forças matematicamente distribuídas. Caso contrário, tudo cairia. 

Podem dizer que há aqui nas entrelinhas alguma ironia. 

Sim… alguma ironia existe…, ironia, e crítica que pretendo seja construtiva, que faço respeitosamente. 

Sinceramente reconheço virtudes nas estruturas em madeira da parte de quem as constrói, e de quem faz os adornos com tantas peças em tecido, e coloridos e brilhantes.

São bons os profissionais, e nada tenho contra eles. Qualquer um de nós poderia ter seguido essa profissão, e desde que cumprida com brio profissional, só tenho a dizer bem. 

É uma profissão digna, é sim, uma profissão digna, e pelos vistos clientes não faltam. Queriam pessoas desajeitadas, nestas profissões? Evidentemente que não.

Agora… andores assim enormes, não será demais, remetendo para segundo plano as imagens religiosas que ficam pequenas, quando comparadas com essas estruturas tão grandes? Em vez disso, escondem-se pelos meandros de tanto enredo de cores; e os brilhos a destacarem-se, além dos berloques e penduricalhos, e as notas de euro e francos suiços.

Deixo, no entanto, aqui bem expresso, o meu respeito por quem não pensa deste modo; e a mesma consideração às comissões de festas, e aos que levam a cabo tanto trabalho para obterem andores assim tão vistosos! Expresso ainda o mesmo respeito por aqueles que gostariam que simplesmente sobressaíssem apenas as figuras religiosas em andores mais discretos. Sei que alguns se esforçam, mas reconheço que a tarefa é árdua.

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